CNA promove painéis do Campo Futuro nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste

Projeto levantou os custos de grãos, silvicultura, pecuária de leite, hortaliças e café

Por CNA 27 de junho 2025
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Graos Londrina

Brasília (27/06/2025) – Os painéis de levantamento de custos de produção do projeto Campo Futuro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) foram realizados, nesta semana, nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.

Nos encontros, que tiveram a participação de técnicos, produtores rurais, representantes de sindicatos e federações, foram analisados os dados de grãos (soja, milho, feijão, trigo), silvicultura (eucalipto e mogno africano), pecuária de leite, hortaliças (alho e cebola) e café.

Grãos – Os painéis de grãos aconteceram no estado do Paraná. Em Londrina, o destaque foi a soja, que registrou média de 55 sacas por hectare, afetada por mais de 30 dias de estiagem nas áreas do norte. O milho segunda safra vinha se desenvolvendo bem, com previsão inicial de 70 a 80 sacas por hectare, mas as geadas recentes podem afetar o resultado final. O trigo foi impactado por seca e calor, com geada tardia também comprometendo a qualidade dos grãos.

Já em Tibagi, a soja apresentou produtividade média de 75 sacas por hectare. Já o milho verão teve produtividade de 230 sacas por hectare, com o clima favorecendo o desenvolvimento da cultura. No feijão das águas, o ataque severo de mosca branca resultou em baixa produtividade, com média de 15 sacas por hectare. O trigo foi afetado por geadas no final de agosto, atingindo 50 sacas por hectare.

Painel de grãos em Tibagi Painel de grãos em Tibagi

Em Guarapuava (PR), a soja, o milho verão, o feijão das águas e a cevada apresentaram boa produtividade, apesar de alguns impactos do clima e tempo de plantio. Mesmo com o bom desempenho técnico em várias culturas, a queda nos preços impactou a rentabilidade.

Painel de grãos em Guarapuava Painel de grãos em Guarapuava

No painel de Cascavel, a soja teve média de 64 sacas por hectare, com grande variação entre áreas. O milho segunda safra apresentou bom desenvolvimento no início com colheitas iniciais registrando até 140 sacas por hectare, mas o clima gerou preocupação e a média esperada é de 114 sacas. O trigo foi prejudicado por seca severa e geadas nas, com produtividade média estimada em 50 sacas por hectare.

Painel de grãos em Cascavel Painel de grãos em Cascavel

Silvicultura – Os encontros para levantamento dos custos de eucalipto e mogno africano ocorreram em Minas Gerais. No município de Curvelo, a propriedade modal de eucalipto possui 150 hectares, com incremento de 50% em relação ao último levantamento em 2023. A região apresentou margens líquidas positivas e lucro, demonstrando a atratividade e sustentabilidade da atividade.

Painel de eucalipto em Curvelo Painel de eucalipto em Curvelo

O painel de mogno africano ocorreu no município de Corinto. A propriedade modal tem 35 hectares de produção, com incremento médio anual de 16,81 m3 por hectare ao ano e ciclo de produção de 20 anos. Os primeiros resultados demonstram que a atividade apresenta margem líquida positiva no atual cenário. No mesmo dia, após o painel, foi realizado o evento Dia de Mercado voltado para a cultura.

Painel de mogno africano em Corinto Painel de mogno africano em Corinto

Leite – Os custos de produção de pecuária de leite foram levantados no Espírito Santo. Em Ecoporanga, propriedades modais de cerca de 50 hectares têm produzido 150 litros por dia, em sistemas extensivos, com suplementação concentrada. A receita obtida pelo leite permitiu cobrir apenas os desembolsos da atividade, ficando abaixo do pró-labore e depreciação da infraestrutura produtiva.

Painel de leite em Ecoporanga Painel de leite em Ecoporanga

Em Linhares, a propriedade modal trabalha com a produção de leite e de bezerros de corte com um rebanho misto, no qual 60% da receita anual dos estabelecimentos vem da produção de leite. O volume diário gira em torno de 150 litros, produzidos em 80 hectares de área total. A baixa especialização do rebanho resultou na necessidade de aquisição da reposição, onerando o Custo Operacional Total, cuja receita obtida com o leite não foi capaz de superar.

Painel de leite em Linhares Painel de leite em Linhares

Já em Alegre, verificou-se menor produção diária entre os modais caracterizados, de 100 litros, realizados em 24 hectares. Apesar do menor porte, foi constatado um maior aporte tecnológico, com a utilização de silagem de milho, cana-de-açúcar e capineira para a suplementação volumosa do rebanho, além da alimentação concentrada. Na região, foi relatado um momento de transição, no qual esse aporte tecnológico ainda não tem expressado todo seu potencial, portanto, a receita obtida com o leite foi capaz de cobrir apenas os desembolsos da atividade.

Painel de leite em Alegre Painel de leite em Alegre

Em todos os municípios os produtores relataram que dificuldades no acesso à mão de obra especializada têm dificultado a condução da atividade.

Hortaliças – Os painéis de hortaliças ocorreram no interior de Santa Catarina. Em Curitibanos, foram levantados os custos de produção de alho. A propriedade modal definida possui 2 hectares cultivados com a cultura e o sistema de cultivo é irrigado por aspersão e semimecanizado.

Em Ituporanga, foi a vez do painel de cebola. A propriedade modal possui 8 hectares cultivados com o bulbo, também em sistema irrigado por aspersão, semimecanizado. Produtores relataram que para a última safra, a produtividade na região foi de 35 toneladas por hectare. No entanto, as perdas na comercialização estiveram entre 20 e 25%, limitando a receita da atividade.

Painel de cebola em Ituporanga Painel de cebola em Ituporanga

Em ambos os modais produtivos, a atividade é conduzida pela mão-de-obra familiar, sendo contratados funcionários para a condução de algumas atividades, em especial plantio e colheita. Os painéis destacaram um cenário econômico preocupante, margens brutas negativas demonstram que a atividade não se mante no curto prazo, e está sendo subsidiada por outra fonte de renda.

Café – Por fim, o painel de café conilon foi realizado com produtores de Itabela, na Bahia. A propriedade modal da região possui sistema de cultivo irrigado e manejo semimecanizado. Na localidade, a produção de café se restringe à espécie Coffea canephora, com produtividade de 50 sacas por hectare. A etapa de condução da lavoura representou 54% do Custo Operacional Efetivo, seguidos da colheita e pós-colheita da lavoura que representaram 30% do COE. Em relação ao levantamento realizado em 2024, os desembolsos diretos inerentes à atividade aumentaram cerca de 9%.

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